quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Beyond Ipanema #FestivalRio'09

O documentário Beyond Ipanema: Ondas Brasileiras na Música Global nos leva a uma viagem desde Carmem Miranda até o grupo alternativo Garotas Suecas e o funk carioca, mostrando como a música brasileira foi encontrando o seu espaço e penetrando no competitivo cenário internacional, sobretudo nos Estados Unidos. Durante os 87 minutos de exibição notamos todo o amor a primeira vista que os americanos tiveram com Carmem Miranda, e posteriormente com a música brasileira em geral.

Os diretores Béco Dranoff e Guto Barra iniciam a trajetória da invasão da música brasileira para além de suas fronteiras com a chegada de Carmem Miranda a Nova York em 1939. O documentário vai desde seus filmes, em que ela exigia em contrato ter falas em português, e seus espetáculos na Broadway, além do fascínio dos americanos por aquela mulher com frutas na cabeça.

Ao longo do filme o espectador vai sendo apresentado a vários momentos chaves como a bossa nova e a obsessão "the girl from Ipanema", a tropicália, com destaque para o grupo Os Mutantes, e o sucesso comercial de Sergio Mendes em solo americano. Mas talvez o grande trunfo do documentário seja ir além disso e mostrar como a música brasileira foi também redescoberta por artistas e públicos estrangeiros muitos anos depois.

Os anos 90 e esta primeira década do século XXI vêem esse redescobrimento da música brasileira, seja pelo retorno e consagração de grupos como Os Mutantes, sem Rita Lee, mas principalmente pelas diversas apropriações que djs em todo o mundo fazem com a nossa música. Bebel Gilberto e seu flerte com as batidas eletrônicas é com certeza uma das representantes desse momento de misturas e reconhecimento da música brasileira no exterior. O sucesso que bandas como Cansei de Ser Sexy, Bonde do Rolê e Garotas Suecas fazem na cena alternativa americana também não passa desapercebido pelo documentário, que também cita outros estilos musicais como o forró e o funk como cada vez mais influentes e presentes fora do país.

Documentários que traçam uma trajetória sobre a música brasileira não são tão incomuns, mas o grande feito de Beyond Ipanema é ir mais além. É buscar com um vastíssima quantidade de entrevistas, com nomes como David Byrne, M.I.A e Creed Taylor, além de Caetano Veloso e Gilberto Gil, traçar um panorama sobre a música brasileira no exterior até o contemporâneo e perceber suas misturas, colagens e reapropriações. Longe de tentar abarcar toda a história, o documentário é bem sucedido e traz várias curiosidades como um sebo recheado de LPs históricos de artistas brasileiros no East Village e também o samba ter entrado na grade curricular de uma escola americana do Harlem.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Distante Nós Vamos #FestivalRio'09


Verona (Maya Rudolph) e Bart (John Krasinski) são um casal na casa dos 30 anos que se vêem "grávidos" e com um problema: os avós paternos resolvem viajar para a Europa e eles percebem que estão abandonados. Percebem que precisam encontrar seu caminho; um lugar para construir um lar para a chegada de seu primeiro filho. Esta é basicamente a premissa de Distante Nós Vamos (Away We Go), novo filme do diretor Sam Mendes, vencedor do Oscar por Beleza Americana em 2000.

A partir daí, o casal de protagonistas começa uma viagem por cidades como Phoenix, Tucson, Madison, Montreal e Miami em busca do lugar perfeito, se deparando em cada destino com uma família de conhecidos ou parentes que os abriga. Belíssimas cenas de lugares como o deserto do Arizona, por exemplo, são mostradas por Sam Mendes de maneira surpreendente. Quem já viu filmes de Mendes como Beleza Americana e Foi Apenas um Sonho sabe que sua direção tende mais a ser mais dura, rígida e com planos mais fechados. Então, os planos abertos e a condução fluida que combina de belas paisagens com a inspirada trilha sonora, que conta com músicas de George Harrison, Bob Dylan e The Velvet Underground, dá a leveza necessária para o filme funcionar bem na tela.

Palmas também para o elenco. Quem conhecia Maya Rudolph do famoso humoristíco Saturday Night Live já sabia de todo o seu talento para a comédia. Mas como fazia esquetes curtas, a grande dúvida era se ela conseguiria levar uma personagem protagonista com a mesma força de suas imitações no SNL. Ela não só consegue, como nos revela todas as nuances de Verona. E o seu colega de cena não fica atrás. Apesar de ter feito filmes como Licença para Casar e Amor não tem regras, John Krasinki também é mais conhecido por sua atuação na televisão pela série The Office. Merecem citação também a hilária Alisson Janey, como Lily a ex patroa de Verona e mãe completamente sem noção, além da fofa Maggie Gyllenhaal que interpreta uma mulher zen e absurdamente maluca.

Vale a pena ver essa comédia leve e despretensiosa, mas não menos tocante de Sam Mendes. A busca por encontrar a nossa casa, o nosso lugar no mundo é um tema bem universal e de fácil identificação com o espectador. Sem falar nas boas risadas que você dá ao longo do filme, algumas delas nem precisam de fala. Só de olhar para as expressões de Maya e John você já sente vontade de rir.

Julie & Julia #FestivalRio'09

Quem entrou na sala de Julie & Julia com o único intuito de ver Meryl Streep em cena, com certeza viu muito mais. Até porque o filme é mais longo do que o necessário (123 minutos). Mesmo assim, a comédia escrita e dirigida por Nora Ephron é um entretenimento daqueles que funciona bem.

O filme é baseado no livro homônimo escrito por Julie Powell (interpretada por Amy Adams), uma americana de 30 anos que leva uma vida sem grandes ambições, pra não dizer sem graça. Até que seu marido tem a ideia de que ela crie um blog para divulgar algo que ela goste de fazer. Depois de muito pensar, ela resolve fazer um desafio: durante um ano ela faria e divulgaria em seu blog todas as 534 receitas do livro "Dominando a Culinária Francesa", de Julia Child (Meryl Streep) - considerada a bíblia da culinária francesa para os americanos.

A opção de contar a vida de Julie e Julia de maneira paralela dá bastante fluidez ao filme, mas poderia ir por água a baixo. Afinal, quem não seria apagada em cena por Meryl Streep? Resposta: Amy Adams! Ela confirma nesse filme seu talento e a bem sucedida dobradinha que fez com Meryl em Dúvida - ao qual ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante no ano passado. Apesar de não contracenarem juntas em nenhum momento, as histórias das protagonistas se unem em temporalidades completamente distintas. Quanto à Meryl, sem comentários. Ela está divertidíssima e sua interpretação não lembra nenhuma de suas personagens anteriores. Incrível como ela consegue isso!

Recomendamos Julie & Julia pelas boas risadas que ele pode te render, mas faça isso de barriga cheia. Ver o filme com fome durante o horário do almoço não é lá das melhores ideias, já que os filme é um desfile constante dos mais diversos pratos da tentadora culinária francesa.. nhami!

A Falta Que Nos Move #FestivalRio'09


Depois de ver Doce Perfume, o UBDQ deu um pulinho no Odeon para assistir a pré-estreia do filme brasileiro A Falta Que Nos Move, de Christiane Jutahy. Baseado na peça A Falta Que nos Move ou Todas as Histórias São Ficção da própria diretora, o filme brinca o tempo todo com os limites entre ficção e realidade.

Cinco atores são filmados durante uma antevéspera de Natal por três câmeras durante 13 horas sem qualquer interrupção na casa de Christiane. O grupo de amigos espera a chegada de uma sexta pessoa, que eles não sabem se chegará, e acaba por gerar tensas discussões entre os outros. Seguindo um plano de cenas pré-estabelecido e ensaiado, e dirigidos através de torpedos de celular, os atores desfilam durante os 95 minutos de filme as suas mais diversas frustrações, segredos, encontros e desencontros. Carência afetiva, acima de tudo.

No aspecto mais técnico, acho que a fotografia do filme é um dos destaques. A leveza utilizada ajuda a fazer com que as cenas não sejam transmitidas de maneira muito teatral na tela, o que seria bem fácil de ocorrer devido às origens do texto. E o roteiro também é bastante instigante e deixa o espectador em dúvida a todo o momento se o que ele vê é ficção, realidade ou se existe mesmo essa divisão. A cena do brinde que eles optam por refazer, visto que fizeram na hora errada segundo o roteiro pregado na parede da cozinha, ilustra bem essa brincadeira com a metalinguagem.

E é claro que grande parte do êxito do filme deve ser dividido com o elenco do longa, composto por Marina Vianna, Cristina Amadeo, Daniela Fortes, Pedro Brício e Kiko Mascarenhas - os mesmos atores da montagem original da peça. Eles nos revelam toda a complexidade do difuso processo de construção dos personagens em cena. O quanto da personalidade de cada ator está presente em cada personagem? Será que é possível apagar totalmente a sua subjetividade ao interpretar um papel? São algumas perguntas que o filme nos deixa de herança para pensar.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Doce Perfume #FestivalRio'09

Durante o Festival do Rio vamos fazer alguns posts sobre os filmes que conseguirmos assistir durante essas próximas duas semanas. Como somos de quinta, não prometemos periodicidade lógica.


Começaremos pelo drama Doce Perfume (Tatarak), do cultuado cineasta polonês Andrzej Wajda (Homem de Mármore e Homem de Ferro). O filme conta a história de Marta (Krystyna Janda), casada com um médico polonês que diagnostica nela uma doença terminal, mas prefere não contar à esposa. Ela ainda sofre com a morte dos filhos, mas parece ao se envolver com o jovem Bogus (Pawel Szajda), parece reviver e começar a sorrir. Paralelamente à essa história, o espectador é apresentado à pequenos mológonos nos quais Krystina Janda se despe da personagem Marta e em um quarto sob um penumbra fala sobre a recente morte de seu marido, o cineasta polonês Edward Kosinski. A atuação da atriz polonesa é tocante e precisa. Você consegue realmente sentir toda a melancolia da personagem e da própria atriz a cada cena.

Wadja se lança em um filme experimental que utiliza muito bem da metalinguagem. O espectador é lembrado a todo momento, através de estratégias como mostrar a claquete no começo do filme ou então na cena em que Krystyna interrompe as filmagens e foge do set de táxi, que Doce perfume é um filme dentro de um outro filme maior. Não é um filme fácil de acompanhar e a escolha do nome do filme ser o mesmo do filme que é interpretado nele pode confundir bastante a principio, mas vale a pena ver mais esse ótimo trabalho de Andrzej Wadja.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Festival do Rio 2009


Desde quinta-feira(24) a cidade do Rio de Janeiro encontra-se movimenta devido ao maior festival de cinema do Brasil e da América Latina, o Festival do Rio.

Composto pelos maiores destaques do Festival de Cannes, Sundance, Veneza e Berlim o Festival do Rio conta com mais de 300 títulos incluindo longas e curtas-metragem de diversos países que são divididos em diversas mostras, entre elas a "Mostra Gay", "Meio Ambiente" e "Pocket Films".

Dentre os filmes que serão apresentados no Festival do Rio de 2009 estão os filmes "Aconteceu em Woodstock" de Ang Lee, que abriu o Festival, Abraços Partidos de Almodóvar, com Penélope Cruz, Coco antes de Chanel de Anne Fontaine, com Audrey Tautou, Bastardos Inglórios de Tarantino, com Brad Pitt*, The White Ribbon de Michael Haneke e ganhador da Palma de Ouro de melhor filme no festival de Cannes 2009, Nova Iork, Eu te Amo e Vogue - A Edição de Setembro de R.J. Cutler. Além destes filmes ainda será apresentado o já comentado filme cult-trash inglês "Os Matadores de Vampiras Lésbicas" de Phil Claydon na mostra Midnight Movies. E na mostra Première Brasil ganham destaque os filmes Bellini e o Demônio escrito por Tony Bellotto e dirigido por Marcelo Galvão, Histórias de Amor Duram Apenas 90 minutos de Paulo Halm, Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz e também o filme a Falta Que Nos Move de Christiane Jatahy.

Mais detalhes sobre o Festival que vai até o dia 08 de Outubro no site oficial www.festivaldorio.com.br/site2009


* Os ingressos para o filme Bastardos Inglórios esgotaram em apenas 20 minutos.

** O esperado filme brasileiro "Do Começo ao Fim" ficou de fora do Festival, entrando em cartaz somente no final de 2009.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Trilha Sonora de Lua Nova

Pra quem tá ansioso pelo dia vinte de novembro - dia do lançamento mundial do filme Lua Nova - a boa notícia é que a autora do best-seller Crepúsculo, Stephenie Meyer, colocou hoje em seu blog a lista de músicas que farão parte da trilha sonora do novo filme.
Como era de se esperar a banda Muse, citada por Stephenie com uma inspiração para seus livros, fará novamente parte da trilha sonora do filme, porém dessa vez quem ficou de fora foi a banda Paramore, dando lugar a outras bandas como Death Cab for Cutie, The Killers, Ok Go e ainda do vocalista da banda Radiohead, Thom Yorke.

A presença destas bandas na Trilha de Lua Nova não é nenhuma novidade uma vez que o produtor musical do filme é Alex Patsavas, responsável pela trilha de séries como "The OC" - série que contava com a presença massiva de músicas das bandas Death Cab for Cutie e The killers, além de outras bandas conhecidas apenas no cenário indie - "Gossip Girl", "Chuck" e "Gray's Anatomy".

Segue abaixo a trilha completa do filme "Lua Nova":

DEATH CAB FOR CUTIE — MEET ME ON THE EQUINOX
BAND OF SKULLS — FRIENDS
THOM YORKE — HEARING DAMAGE
LYKKE LI — POSSIBILITY
THE KILLERS — A WHITE DEMON LOVE SONG
ANYA MARINA — SATELLITE HEART
MUSE — I BELONG TO YOU (NEW MOON REMIX)
BON IVER & ST. VINCENT — ROSYLN
BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB — DONE ALL WRONG
HURRICANE BELLS — MONSTERS
SEA WOLF — THE VIOLET HOUR
OK GO — SHOOTING THE MOON
GRIZZLY BEAR — SLOW LIFE
EDITORS — NO SOUND BUT THE WIND
ALEXANDRE DESPLAT — NEW MOON (THE MEADOW)

domingo, 20 de setembro de 2009

Lily no Rio


Com 20 minutos de atraso, às 21h50 desta quinta-feira a cantora inglesa Lily Allen entrou no palco da HSBC Arena, na Barra da Tijuca, para o segundo show no Brasil da turnê do CD It's not me, it's you. E o show foi tão bom que dá pra perdoar o fato dela ter entrado enrolada em um tecido com várias reproduções da bandeira do Brasil (chiclê mais batido EVER). Apesar da apresentação durar pouco mais de uma hora e quinze minutos, Lily mostrou muita energia e simpatia, deixando para trás qualquer impressão ruim de sua primeira aparição em palcos brasileiros em novembro de 2007 no Planeta Terra em São Paulo.

O setlist não apresentou nenhuma surpresa e seguiu basicamente a linha dos shows da turnê. A escolha de abrir o concerto com Everyone's At It é bem inteligente e dá uma ideia do que Lily fará ao longo de toda a noite: beber, fumar, beber e fumar mais um pouco. Se o show ganha um ritmo mais leve com I Could Say e Never Gonna Happen, pega fogo de novo com o ótimo cover de Oh My God, faixa dos Kaiser Chiefs, e depois engrena de vez. A cantora esteve super à vontade e confiante no palco [tá, e bêbada também], tecendo comentários elogiosos à cidade. Mas lógico que seu lado controverso não ficaria de fora e ela soltou o hilário "Do you like my eletronic cigarrete? I can smell somebody here smoking weed. I... smells good".

Centrada nas músicas do novo CD, Lily fez a alegria dos fãs ao trazer músicas do álbum de estréia Allright, Still (2006). LDN, a balada Littlest Things - em que ela cantou sentada no palco - e o seu hit #1 Smile mexeram com o bom público presente. A cantora fechou o show com The Fear e fez o público pegar fogo transformando o ginásio em pista de dança com o cover de Womanizer da Britney. Foi impossível ficar parado com toda a animação da inglesa, que levantou seu vestidinho curto preto e mostrou a barriga, a calcinha..

Com o público gritando "fuck you", Lily e sua banda voltaram ao palco para o bis. Dedicada nas palavras de Lily "a todos aqueles que perdem o tempo dizendo aos outros que o que eles fazem é errado", Fuck You levantou o público, que logo depois foi ao delírio com a última música do show, Not Fair. Um hit com pitada country que ganhou uma versão remixada sensacional no palco e deu uma sensação de clímax ao final show. Sendo daqueles fãs que conhecem cada verso de cada música, ou então alguém que ouviu apenas os seus singles, todo mundo que esteve presente na HSBC Arena na última quinta parece ter saído com a melhor das impressões do show. E com um gostinho de quero mais também.