domingo, 24 de maio de 2009

E a Palma de Ouro vai para...


Terminou neste domingo o mais tradicional e glamouroso festival de cinema do mundo, o Festival de Cannes. Assim como nos anos anteriores, a palmáres - nome pelo qual é conhecida a distribuição das palmas - foi distribuída entre vários filmes. Dificilmente Cannes centraliza a maioria dos prêmios em um ou dois filmes, conforme acontece no Oscar, por exemplo.
Apesar de nomes badalados do cinema internacional estarem presentes nesta edição, o grande vencedor da Palma de Ouro foi o filme Das Weisse Band (The White Ribbon/A Fita Branca), do austríaco Michael Haneke (foto acima). Totalmente em preto e branco, o filme retrata uma série de crimes que ocorreram numa cidade da Alemanha no começo do século passado, no qual um grupo de crianças está entre os suspeitos. A escolha de Haneke foi bem afinada com a dos críticos, assim como a maioria dos prêmios principais desta edição.
A única realmente grande surpresa foi o prêmio de melhor diretor para o cineasta filipino Brillante Mendoza, com o seu instigante e violento Kinatay. Mesmo não estando presente nas principais listas de favoritos da imprensa, a vitória do tailandês revela a tentaiva do júri do festival de apostar em novidades e na originalidade dos trabalhos apresentados, para além das escolhas 'seguras' de favoritos ou de nomes consagrados. Exatamente como o festival deve ser: espaço de experimentação e celebração da sétima arte.
Segue abaixo a lista dos vencedores do Festival de Cannes 2009:


Palma de Ouro
Das Weisse Band / Alemanha (de Michael Haneke)

Grand Prix
Un Prophète / França (de Jacques Audiard)

Melhor Direção
Brillante Mendoza / Filipinas (pelo filme Kinatay)

Melhor Roteiro
Lou Ye / China (pelo filme Chun Feng Chen Zui De Ye Wan)

Melhor Atriz
Charlotte Gainsbourg / França (pelo filme Anticristo)

Melhor Ator
Chrstoph Waltz / Áustria (pelo filme Bastardos Inglórios)

Prêmio do Júri
Bak-Jwi / Coréia do Sul (de Park Chan-Wook)

Menção Especial
Fish Tank / Inglaterra (de Andrea Arnold)

Prix Vulcain
Map of the Sounds of Tokyo / Espanha (de Isabel Coixet)

Prêmio Especial
Les Herbes Folles / França (de Alain Resnais)

Palma de Ouro - Curta-metragem
Arena / Portugal (de João Salaviza)

Menção Especial (curta-metragem)
The Six Dollar Fifty Man / Nova Zelândia (de Mark Albiston e Louis Sutherland)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Romance e Cigarros

Às vezes a gente se apaixona por imagens. Aliás, isso acontece o tempo todo no nosso dia a dia, seja por fotos, pinturas, rostos, corpos.. O que se apresenta, então, é a tomada de dois caminhos possíveis: ir com tudo e tentar penetrar profundamente naquela imagem; ou ficar só com a figura daquela paixonite idealizada e perfeita na cabeça. Certamente o segundo caminho é menos traumático, mas a menos que você seja um voyer convicto, ele não trará a satisfação que o primeiro caminho pode proporcionar. Como só olhar não é muito a minha praia, resolvi me entregar ao DVD de Romace e Cigarros na fila das lojas Americanas. Fui seduzido pelas belas pernas de Kate Winslet, seu scarpin vermelho e o charmoso cigarro que ela segurava na mão esquerda. O gosto dessa experiência? Digamos que amargo - aii se não tivesse um Trident de menta na mochila!
Romance e Cigarros é um musical produzido pelos irmãos Cohen (do premiado Onde os Fracos Não Têm Vez) e conta com um elenco estelar, além de uma trilha sonora com nomes consagrados e uma premissa interessante. Vamos a história: Nick (James Gandolfini ) é um ferreiro que é casado com Kitty e tem três filhas jovens adultas (Mary-Louise Parker, Mandy Moore e Aida Turturro). A vida da família de classe média trabalhadora vira de cabeça para baixo quando a matriarca descobre a pulada de cerca de seu marido com a sedutora Tula (Kate Winslet). Nesse momento se insere Bo (Christopher Walker), primo de Kitty, que a ajuda em seu plano de descobrir quem é a amante de seu marido.
Como o seu título diz, o filme tem mais cigarros do que romance. O cigarro é amplamente explorado em cenas que envolvem muita sensualidade ou despreocupação, reforçando duas características "senso comum" dele. Diante da onipresença do cigarro, além da linguagem completamente sem pudor - sendo bem eufêmico - em que as personagens falam sobre seus romances e sua vida sexual, o filme parecia ir na direção de romper com vários padrões estéticos e comportamentais. Mas ficou na promessa.
Vale a pena destacar as atuações de Gandolfini, que nem de perto lembra o marcante mafioso Tony Soprano, da sempre brilhante Kate Winslet [extremante sensual nesse papel] e da surpreendente Aida Turturro, dona dos momentos mais engraçados do filme. E.. bom. Acho que os elogios param por aqui.
Você espera até o minuto final ver aquela Susan Saradon inspirada de outros filmes, mas a espera é em vão. Além disso, o papel da talentosa Mary Louise Parker é deixado muito de lado, apenas uma peça figurativa. Um desperdício incrível. Ahh, é importante também salientar que a escolha de colocar as canções na voz original em que foram gravadas, muitas vezes com os atores apenas sibilando as letras, foi terrível. Assim, os números musicais perderam grande força. Outra pena, já que são grandes clássicos de Bruce Springsteen, Janis Joplin, James Brown e Dusty Springfield.
Para completar, o final é infelizmente um mega clichê. Justo tudo aquilo que não se espera de um filme que se propõe a subverter e chocar. Uma pena.