terça-feira, 5 de maio de 2009

Romance e Cigarros

Às vezes a gente se apaixona por imagens. Aliás, isso acontece o tempo todo no nosso dia a dia, seja por fotos, pinturas, rostos, corpos.. O que se apresenta, então, é a tomada de dois caminhos possíveis: ir com tudo e tentar penetrar profundamente naquela imagem; ou ficar só com a figura daquela paixonite idealizada e perfeita na cabeça. Certamente o segundo caminho é menos traumático, mas a menos que você seja um voyer convicto, ele não trará a satisfação que o primeiro caminho pode proporcionar. Como só olhar não é muito a minha praia, resolvi me entregar ao DVD de Romace e Cigarros na fila das lojas Americanas. Fui seduzido pelas belas pernas de Kate Winslet, seu scarpin vermelho e o charmoso cigarro que ela segurava na mão esquerda. O gosto dessa experiência? Digamos que amargo - aii se não tivesse um Trident de menta na mochila!
Romance e Cigarros é um musical produzido pelos irmãos Cohen (do premiado Onde os Fracos Não Têm Vez) e conta com um elenco estelar, além de uma trilha sonora com nomes consagrados e uma premissa interessante. Vamos a história: Nick (James Gandolfini ) é um ferreiro que é casado com Kitty e tem três filhas jovens adultas (Mary-Louise Parker, Mandy Moore e Aida Turturro). A vida da família de classe média trabalhadora vira de cabeça para baixo quando a matriarca descobre a pulada de cerca de seu marido com a sedutora Tula (Kate Winslet). Nesse momento se insere Bo (Christopher Walker), primo de Kitty, que a ajuda em seu plano de descobrir quem é a amante de seu marido.
Como o seu título diz, o filme tem mais cigarros do que romance. O cigarro é amplamente explorado em cenas que envolvem muita sensualidade ou despreocupação, reforçando duas características "senso comum" dele. Diante da onipresença do cigarro, além da linguagem completamente sem pudor - sendo bem eufêmico - em que as personagens falam sobre seus romances e sua vida sexual, o filme parecia ir na direção de romper com vários padrões estéticos e comportamentais. Mas ficou na promessa.
Vale a pena destacar as atuações de Gandolfini, que nem de perto lembra o marcante mafioso Tony Soprano, da sempre brilhante Kate Winslet [extremante sensual nesse papel] e da surpreendente Aida Turturro, dona dos momentos mais engraçados do filme. E.. bom. Acho que os elogios param por aqui.
Você espera até o minuto final ver aquela Susan Saradon inspirada de outros filmes, mas a espera é em vão. Além disso, o papel da talentosa Mary Louise Parker é deixado muito de lado, apenas uma peça figurativa. Um desperdício incrível. Ahh, é importante também salientar que a escolha de colocar as canções na voz original em que foram gravadas, muitas vezes com os atores apenas sibilando as letras, foi terrível. Assim, os números musicais perderam grande força. Outra pena, já que são grandes clássicos de Bruce Springsteen, Janis Joplin, James Brown e Dusty Springfield.
Para completar, o final é infelizmente um mega clichê. Justo tudo aquilo que não se espera de um filme que se propõe a subverter e chocar. Uma pena.

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